Jon Hirschtick fala sobre trocas de plataforma e segurança de dados on-line
Há algumas semanas, o CEO da DS SolidWorks, Jeff Ray, publicou uma atualização abordando algumas questões que surgiram após os anúncios feitos em fevereiro na SolidWorks World 2010. Este post foi publicado por aqui no último mês de Outubro. Um dos assuntos que Jeff abordou foi o compromisso que a DS SolidWorks fez para oferecer suporte a três plataformas: desktop, dispositivos móveis e on-line.
Embora o desktop seja a plataforma usada pela maioria dos clientes do SolidWorks, o mundo on-line e o móvel são territórios (relativamente) novos para o setor de software de projetos. Para obter uma perspectiva melhor do que está acontecendo no universo de hardware e software, Matthew West* conversou com o fundador da SolidWorks, Jon Hirschtick, que tem estudado o cenário mutante da computação nos últimos anos.
Matt: antes de começarmos a falar sobre as atuais e futuras plataformas e tecnologia, vamos voltar no tempo. Qual era a situação quando a SolidWorks surgiu em 1995?
Jon: é fácil de esquecer, mas a primeira versão do SolidWorks surgiu durante uma mudança importante na tecnologia. A introdução da plataforma Windows 95 e as novas arquiteturas de processador foram combinadas para disponibilizar o poder da computação de 32 bits para usuários CAD 3D pela primeira vez. Antes disso, o CAD 3D precisava ser feito em estações de trabalho UNIX dispendiosas. Foi a nova tecnologia que tornou possível o SolidWorks e outros sistemas CAD 3D de desktop.
Matt: e o que você vê acontecendo agora?
Jon: Estamos no meio de outra mudança importante na computação e de como as pessoas usam a tecnologia. Vejo mudanças na forma como as pessoas interagem com seus dispositivos, com toque e movimento se tornando mais comuns. Pense em dispositivos como o iPad e iPhone ou sistemas de jogos, como o Nintendo Wii. A forma como eles são utilizados é radicalmente diferente da forma como você usa um computador desktop com um teclado e mouse.
Também há uma mudança para o uso de recursos e aplicativos on-line. Agora, a maioria das pessoas se sente confortável usando seu banco on-line e praticamente todos têm uma conta do Gmail. Muitos negócios usam o Salesforce.com para suprir suas necessidades de CRM. A Adobe ofereceu uma versão on-line do Photoshop por alguns anos. Milhões de pessoas jogam videogames on-line, seja algo como World of Warcraft ou Xbox Live.
Em muitos aspectos, o setor de software de projetos já está no prejuízo e só agora começa a acompanhar as novas tendências. A tecnologia e a infraestrutura já estão aqui; precisamos apenas começar a desenvolver software para aproveitá-las.
Matt: uma das fraquezas da computação hospedada ou on-line que é frequentemente apontada diz respeito à latência e à largura de banda da Internet. A infraestrutura é robusta o suficiente para que a maioria das pessoas migrem para aplicativos totalmente on-line?
Jon: qualquer modelo de computação tem vantagens e desvantagens. Com desktops, o software é sempre instalado localmente, mas você está restrito pelo poder de processamento do computador e a atualização é muito dispendiosa. Além disso, o computador está vulnerável a vírus, falhas e perda de dados. Mover recursos on-line elimina esses problemas, mas também força você a mudar suas expectativas sobre a computação em geral.
Dependendo do país que você mora, talvez seja preciso conviver com algum nível de atraso. Mas o que você perde aí será compensado por recursos de computação mais pontentes a qual você tem acesso. Ou seja, seus modelos serão recriados mais rapidamente, as simulações estarão disponíveis por demanda e assim por diante. Você também terá acesso a recursos de renderização muito além do que qualquer outro disponível para computadores desktop. E a largura de banda está aumentando exponencialmente nesse ponto: eu transmito (não faço download) regularmente filmes HD completos para minha TV. Se isso é possível agora, certamente não deverá haver problemas em migrar para o software de projetos on-line.
Outra vantagem é que esses aplicativos podem ser especialmente criados para outros dispositivos, como tablets ou smartphones, e aproveitar os pontos fortes desses. Assim, seus dados se tornam mais portáteis e você não fica restrito apenas à sua estação de trabalho desktop.
Matt: e em relação à forma como as pessoas trabalham? Como isso está afetando a tecnologia?
Jon: boa pergunta. Destaco dois fatos importantes aqui. O primeiro é que cada vez mais empresas estão terceirizando alguma quantidade de seu trabalho de design ou formando equipes ad hoc em diferentes partes do mundo. Isso cria uma maior necessidade para que os dados estejam acessíveis em qualquer lugar, a qualquer momento. A Internet torna isso mais simples do que enviar arquivos por e-mail, o que é algo que o próximo aplicativo de compartilhamento de dados da DS SolidWorks resolverá.
Em segundo lugar, a explosão de redes sociais nos últimos 10 anos está tornando as pessoas mais comunicativas e colaborativas, e quaisquer novos aplicativos devem ser criados para aproveitar o design com base em equipes. Como os dias de uma única pessoa criando um produto, do início ao fim, estão praticamente no fim, precisamos facilitar a comunicação e compartilhamento de dados entre equipes.
Matt: uma última pergunta – você realizou muita pesquisa ultimamente sobre segurança e armazenamento de dados on-line. Quais são suas considerações sobre os prós e contras de cada um deles?
Jon: quando você apenas armazena os dados localmente, você tem total controle sobre eles. Mas também é muito fácil para alguém roubá-los usando uma unidade do tipo “thumb” ou até mesmo um cartão SIM de um celular. E a menos que esteja trabalhando com uma segurança especializada militar, seus computadores estarão relativamente vulneráveis a vírus e ataques. Especialmente se for como muitos de nossos clientes e não tiver uma equipe de TI exclusiva. Você também está vulnerável à perda de dados se não estiver aderindo a um protocolo rígido de backup.
Quando você armazena os dados on-line, não está tão vulnerável a problemas locais e os protocolos de segurança em empresas como a Google são melhores do que qualquer um aos quais a maioria de nossos clientes tem acesso. Também há uma quantidade considerável de redundância que ocorre; então, se uma unidade em um farm de dados ficar inativa, haverá um backup em outro lugar. Mas por outro lado, o congestionamento de rede ou quedas da Internet podem ocasionalmente impedi-lo de ter acesso aos seus dados.
Essa é a diferença entre guardar seus itens valiosos em um cofre de banco ou no cofre dentro do seu armário. Logicamente bancos podem ser assaltados, mas as residências são assaltadas com mais frequência do que os bancos. Então, onde você ia preferir guardar os anéis de casamento de sua avó?
**Atualização**
Surgiram algumas perguntas na web em resposta a esta entrada. Vou abordá-las aqui, assim qualquer pessoa com dúvidas semelhantes poderá ver as respostas.
Tem havido alguns comentários sobre a tecnologia real do SolidWorks e as possíveis formas de torná-lo on-line e funcionando como software instalado localmente. Como vamos publicar mais posts nas próximas semanas, em vez de obter explicações aqui e agora, sugiro que você fique atento ao nosso blog.
Como alguns de vocês mencionaram, a próxima oferta Connect será nosso primeiro aplicativo on-line e estamos empolgados para saber a opinião das pessoas. O Connect é algo que será puramente opcional para os clientes SolidWorks e será oferecido além de nossos produtos de gerenciamento de dados existentes. Ele se destina a clientes que procuram e precisam de uma solução de gerenciamento de dados, mas que não podem ter os recursos de TI necessários.
Quando Jon e eu conversamos, mencionei uma possível situação onde os clientes precisariam manter dados de projetos por trás do firewall da empresa. Dúvidas sobre essa situação também foram levantadas por alguns usuários. Não pretendemos forçar ninguém a usar aplicativos on-line e, se um cliente SolidWorks precisar continuar gerenciando e armazenando dados localmente, continuaremos fornecendo opções para esse cliente.
Da mesma forma, nunca dissemos que nosso software de última geração será 100% dependente de uma conexão com a Internet e armazenamento remoto de dados para garantir total funcionalidade. Muito provavelmente, a proporção do acesso à “nuvem” por parte da maioria dos clientes que usam esses produtos novos variará conforme suas necessidades. Como Jeff Ray já observou, estamos comprometidos em oferecer suporte a plataformas desktop, móvel e on-line, e não há motivos para achar que as pessoas que pretendem permanecer em um aplicativo desktop instalado localmente não tirar proveito também de nossa tecnologia de última geração.
*Você pode acessar o original em inglês deste post clicando aqui.